Aquele do outro show do Paul McCartney

Eu nunca repito show. Quer dizer, quase nunca.

A minha teoria é que o amor pela banda ou cantor não sobrevive a dois shows.

O outro motivo é que tem muitos shows diferentes para serem vistos. E ir sempre aos mesmos, é meio imbecil.

Foi assim com o U2. Foi assim com Lily Allen e Franz Ferdinand. Kasabian escapou por pouco. Provavelmente porque cancelaram aquele Planeta Terra Festival.

Mas Paul McCartney não.

Paul McCartney é mais do que a estatística.

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E muito me surpreendeu ler nos grandezzZZzz portaiszzZZ de músicazzZZzzROINC, que o show foi praticamente o mesmo de 2010. Sério, se você só descobriu em 2014 que o show do Macca (e o de qualquer um) é roteirizado, me desculpe, mas você é um imbecil.

Todo mundo sabe que as alterações são mínimas. Que apesar de NEW ser um álbum excelente, o setlist é praticamente o mesmo de 2010 (e de décadas antes, só pra avisar, tá?). Que sempre vai ter firula em português, o joguinho de passa ou repassa em Hey Jude, ou público que não sabe cantar nem metade de uma música (imagine com a inclusão de músicas novas? Socorro!), mas se diverte assim mesmo.

É um show previsível sim, mas taxá-lo dessa maneira, não é novidade nenhuma.

E não torna quem o faz, um crítico inovador.

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Bom mesmo é o show de uma banda que ninguém conhece, com público de oito pessoas – incluindo os parentes dos integrantes – , onde o vocalista não tem fôlego pra cantar duas músicas, sem aparentar que ficou três meses à deriva no Oceano Pacífico.

Observação importante: eu também vou a esses shows que acabei de descrever.

E em muitos deles.

Mas uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa.

É ôta fumiga.

Paul McCartney não se encaixa na categoria “before it was cool”. E se você, caro críticuzão, classifica assim… Bicha, melhore.

Vai ter casal coxinha (e coxinhas avulsos também), tia sacudida, criança, chuva de papel picado, muito choro, coreografia no piano, gracinhas com a cidade e um monte de hits. Por mais que não seja novidade, é um espetáculo que vale (muito) a pena. E ter a oportunidade de ver isso mais de duas – ou trinta – vezes na vida, é fantástico.

Eu, felizmente, pude ir de novo. E me sinto honrada.

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A voz dele estava melhor – se é que isso é possível – a banda que o acompanha é perfeita, todos estavam se divertindo (ou bêbados, nunca saberei) no palco e… o setlist mudou!

Sabe o que isso ocasionou, amiguinhos?

Em uma plateia chocha, já desanimada por causa da chuva e um Paul McCartney tentando animar o público sem graça e mal agradecido, de todas as maneiras.

Exceto eu.

Porque sério, eu fico possuída pelo ritmo ragatang… não pera… Pelo demônio…isso, demônio.

Grito tanto que minhas amígdalas ficam podres por uma semana (no mínimo), pulo, canto, danço, bato palma, assovio e chupo cana… é uma praticamente uma possessão/exorcismo.

E com o Paul, mais ainda. Eu viro a Emily Rose.

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E mesmo que a acústica do Allianz Parque seja péssima (temo por Rolling Stones =\), que a chuva tenha desanimado o público, que a organização tenha sido ridícula, que o ingresso seja horroroso (o da Up and Coming Tour era lindo *—-*), foi inesquecível, mais uma vez.

Gostaria de ter surtado muito mais em Back in the USSR e Helter Skelter, se o som não tivesse estourado ao mínimo riff de guitarra, então para mim, as melhores da noite foram Something, e And I Love Her.

E Let it Be. Mas Let it Be foi mais que Let it Be.

Foi a escolhida para homenagear o Paul no segundo dia. O estádio inteiro transformado em uma galáxia de celulares, os balões de coração e todo mundo cantando junto (e alto) pela primeira vez naquela noite.

Pode parecer cafona. E realmente é.

Mas foi a primeira vez que eu a ouvi inteira depois do funeral do meu pai. Sem a opção pausar, trocar, pular ou desligar. É muito difícil escutar uma música associada a um momento tão triste, sem desabar. Muito mesmo. E eu sabia que seria um mar de lágrimas – e realmente foi – mas não de tristeza.

Foi um carinho no coração.

Live and Let Die em seguida, me deu um motivo maior para sorrir. Não só pelo show pirotécnico ou pelo riff mais incrível de todos os tempos.

Meu pai adorava essa música. E a letra dela.

Era exatamente o que eu precisava ouvir.

Então, a única coisa que eu tenho a dizer, depois de tudo isso é:

Muito obrigada, Sir Paul McCartney. Mais uma vez.

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